Tuesday, October 13, 2009

Agradecimentos

You could be my unintended choice
To live my life extended
You could be the one i'll always love

You could be the one who listens to my deepest inquisitions
You could be the one i'll always love



Unintended - Muse



Mas não queres.

Não queres ouvir, não queres falar... De um momento para o outro deixaste de querer o que quer que fosse que se relacionasse comigo. Penso que o encanto nascido de uma primeira impressão favorável desapareceu, e quanto a isso nada posso fazer. Não me resta outra opção que não a de aceitar a tua ausência na minha vida.

Tenho pena de ter chegado até ao ponto de caramelo. Saltaste a fronteira entre o bonito-e-interessante para o lado do até-gosto-de-ti. O que vale é que ficaste por aí...

Na realidade, devo agradecer-te... Foste a primeira pessoa que me despertou algum interesse a nível sentimental desde há muito, mas mesmo muito, tempo. Agora, acredito plenamente que já ultrapassei a minha obsessão chamada Nuno - deixou de haver razão para não referir nomes há muito tempo -, o que já era quase certo, mas ficou finalmente "sentimentalmente aprovado".
No entanto, a tua presença terá sido mais relevante para me assegurar que ainda sou capaz de baixar as defesas a um homem potencialmente interessante a diversos níveis, ajudando-me a ter fé na minha capacidade de me apaixonar, enquanto esta não se revela.

Andar a "saltitar" durante um ano fez parte do processo de cura, além de ter sido bom, claro, mas já chega. No final de contas, I'M A LADY! from the moon...

Sunday, October 04, 2009

Porque sim.

"Ninguém pode dar-lhe conselhos ou ajudá-lo, ninguém. Há um único meio. Entre dentro de si. Procure o motivo que o faz escrever; examine se ele tem raízes até ao lugar mais fundo do seu coração, confesse a si mesmo se viria a morrer no caso de escrever lhe ser vedado. Isto antes de mais nada: pergunte-se na hora mais calada da sua noite: tenho de escrever? Escave em si mesmo em busca de uma resposta profunda. E se esta soar afirmativamente, se o senhor tiver de enfrentar esta questão séria com um forte e simples: sim, tenho, então construa a sua vida em função dessa necessidade; a sua vida terá de ser um sinal e um testemunho desse impulso até nas horas mais indiferentes e insignificantes."

Rilke, Rainer Maria, Cartas a um jovem poeta, Porto, Edições Asa, 2002 (p.24)



Perguntar a alguém o porquê de escrever é completamente descabido. A única resposta possível será um grande, redondo e redundante PORQUE SIM.
Se o escritor inquirido responder que é libertador, que o papel é um amigo com o qual é fácil desabafar; ou ainda não se apercebeu da dura (?) realidade, ou está simplesmente a ser piedoso. Claro que pode também ter vergonha. Vergonha de ser um viciado. Sim, a escrita é, no seu âmago, uma droga. Falo daquela escrita vomitada, arrancada da alma, resultante do impulso incontrolável de agarrar na caneta ou de martelar o teclado, que consome o escritor até às vísceras da sua efemeridade e até às profundezas da sua almejada eternidade.

Pode não ser a melhor altura, nem o melhor lugar, mas quando corpo e alma são percorridos pelo choque doloroso de suor e raiva, indicador de ressaca, nasce, cresce e explode dentro do dependente um grito desesperado que o desprove de todos os seus sentidos e o paralisa: TENHO QUE ESCREVER.

Então, nem que seja com um lápis do IKEA, sobre um guardanapo do café...ele escreve.

No fim, respira fundo, relaxa, e curte a moca.