Arco-íris.
Porque para conseguir ver um arco-íris é preciso chuva e sol. Dois fenómenos meteorológicos que, pelo menos na nossa intuição, não costumam ocorrer em simultâneo, e aos quais atribuímos significados metafóricos completamente diferentes: lágrimas e luz.
Por isso, a meu ver, um arco-íris é uma espécie de antítese melancólica da natureza, percebes? É uma felicidade triste, é a expressão física da nostalgia. A refracção da luz em pequenas gotas aproximadamente esféricas produz algo inegavelmente especial, já que deixa toda a gente, independentemente da idade, do sexo, da formação, etc., a olhar pela janela, a apontar, e, quiçá, a suspirar.
Ah, e além desta filosofia toda, é bonito. É universalmente aceite que um arco-íris é bonito.
Portanto, se eu, hipoteticamente, quisesse atribuír-te um nome de código, um nome querido que fosse só nosso, seria Arco-íris.
Se eu alguma vez conseguir realmente escrever um livro, isto vai lá estar. Prometo a mim própria, aqui, perante a comunidade virtual que vai lendo este espaço. Não sei muito bem como é que tal analogia saiu desta cabecinha oca, neste momento, a meio de um capítulo do Harri, mas saiu.
Prometo.
Chove!
...porque há palavras que fogem de nós, tal como a chuva foge das nuvens.
Wednesday, June 11, 2014
Sunday, March 30, 2014
Regresso ao futuro
Este comboio não volta a parar. Ultrapassadas todas as estações e apeadeiros, seguimos agora, a alta velocidade, até ao destino final. Olhas pela janela e ainda identificas, muito ao longe, um bando de t-shirts amarelas. Parece-te que vês o Douro, semicerras os olhos: sim é a D. Luís, sem dúvida. E aquilo? Ah, claro, taínhas. Vão aparecendo e desaparecendo vultos trajados, pandeiretas repletas de fitas coloridas; assustada, olhas para o lado: o contrabaixo continua a teus pés, ufa!
A última estação, ainda perfeitamente nítida, está coberta de neve. Um grupo de estranhos brinda com copos que fumegam. Na zdraví! Queres voltar. Queres um último trago de Bernard Jantarovy. O revisor interrompe bruscamente o teu divagar, confirmando com austeridade o que já sabias: não há mais paragens e esta viagem faz-se num único sentido, sem retorno.
Olhas em redor, os teus companheiros de jornada estudam, desanimados, uma espécie qualquer de livros fotocopiados. Sublinham continuamente e suspiram amiúde. Também tu tens esses livros no colo. Pesam com'ó raio! De vez em quando, alguém resolve sacar de uma guitarra. Todos riem, cantam, conversam... E voltam a abrir os livros.
Observas-te no reflexo do vidro da janela empoeirada, pareces cansada, tens umas olheiras profundas, um sorriso triste. A melancolia apodera-se de ti, as lágrimas toldam-te a visão... Mas sabes que tem que ser. E o que tem que ser tem muita força.
A última estação, ainda perfeitamente nítida, está coberta de neve. Um grupo de estranhos brinda com copos que fumegam. Na zdraví! Queres voltar. Queres um último trago de Bernard Jantarovy. O revisor interrompe bruscamente o teu divagar, confirmando com austeridade o que já sabias: não há mais paragens e esta viagem faz-se num único sentido, sem retorno.
Olhas em redor, os teus companheiros de jornada estudam, desanimados, uma espécie qualquer de livros fotocopiados. Sublinham continuamente e suspiram amiúde. Também tu tens esses livros no colo. Pesam com'ó raio! De vez em quando, alguém resolve sacar de uma guitarra. Todos riem, cantam, conversam... E voltam a abrir os livros.
Observas-te no reflexo do vidro da janela empoeirada, pareces cansada, tens umas olheiras profundas, um sorriso triste. A melancolia apodera-se de ti, as lágrimas toldam-te a visão... Mas sabes que tem que ser. E o que tem que ser tem muita força.
Tuesday, February 18, 2014
"Vamos poder respirar"
"Se me desculpar entretanto
será que vais passar?
se fingir não querer
pode ser que não te entregue esta leve dor em tom de chuva
por não querer fugir
por ti ou pelo sonho não consigo desprender"
C'um catano! Demasiado autobiográfico. Estou em choque.
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