Thursday, July 04, 2013

O penúltimo. Aquele com sabor a mel e cheiro a fel.

A sensação de bela-merda-não-tarda-nada-isto-acaba-e-há-tanto-que-eu-ainda-quero-fazer fez deste ano uma roda-viva de ocupações.

Entre os ensaios da Tuna Feminina de Biomédicas e respectivas actuações, a organização do VI ICTUNAS no belo horrível papel de RP&Publicidade, e a recepção de uma geração de póneis extremamente ávida de conhecimento, foi decorrendo um dos anos mais dramático-produtivos de sempre. Sim, este ano chorei pela tuna, mas também nunca a tinha visto crescer tanto, assumindo um rumo tão positivo. Agora que praticamente chegou ao fim, não apenas o ano, mas o meu papel activo na TFB, é com muito carinho que posso dizer que sim, que a Tuna mudou, na minha opinião para melhor, graças a uma geração de ressabiadas com estrogénios elevadíssimos que aprenderam a trabalhar para um bem comum. Fiz, realmente, o melhor que pude e creio que deixei qualquer coisa de positivo, qualquer coisa que vale a pena recordar, na história da quase "decadária" TFB. É com uma enorme confiança nas gerações futuras e, obviamente, nas poucas que ficam já rançosas como eu, que entrego os meus cargos e deixo a nossa TFB, com a esperança de voltar em Fevereiro só para chatear e descansar do calhamaço!

Por outro lado, pareceu-me imperativo dançar muito, mesmo muito, antes de entrar na saga Harrison e posteriormente no mercado laboral... Assim, além de continuar a praticar Jazz Dance, dei aulas de dança em parceria com a AEICBAS, e cumpri duas grandes apostas que tinha feito para este ano lectivo: o "Sinto... Mulher", uma coreografia de contemporâneo na qual trabalhei desde Fevereiro com a minha, agora amiga, professora de Jazz Dance, Ewelina. Estreamos a peça, maioritariamente coreografada por ela, numa Mostra de Jovens Criadores, no ciclo de dança contemporânea Palcos Instáveis, na Sala Estúdio do Teatro do Campo Alegre. Aquela sensação de estar em palco durante o blackout... O friozinho na barriga... Não podia pedir mais nada.
Mas tive. Tive um bando de amigos babados a demonstrarem, mais uma vez, o seu apoio incondicional, em plena época de exames. Esse carinho, essa presença, é para lá de muito boa e vai muito além do que se pode pedir e agradecer com simples palavras. É a expressão da amizade.
Finalmente, o outro grande desafio, que no fundo motivou a presente análise deste 2012/2013, e ao qual faço "check" neste dia, foi a participação no Projecto Pirueta da VO.U. Em Abril quando entrei "no 20", juntamente com a minha companheira de jornada, estava bem assustada, a faixa etária era terrível, dos 10 aos 13 anos, tudo misturado, a vontade de fazer ballet era nula: "queremos brasileiradas", "temos que dançar one direction", o sotaque nortenho carregado, os berros, as birras. Eu, Penélope Almeida, com todo o meu jeito para crianças, achei que ia falecer!
E as aulas foram passando...e surgiram cedências de parte a parte, músicas diferentes, técnicas diferentes que foram aparecendo, oriundas de alguma capacidade pedagógica, possivelmente herdada, a qual desconhecia inteiramente.
As "birrentas" foram acalmando, as tímidas ganharam confiança, a preguiçosa mor e anti-social, acabou por se mexer e por distribuir beijinhos...desvendaram-se talentos. E hoje, quando cheguei a casa, estafadíssima, de saco de gomas oferecido pela canalha em riste, só conseguia pensar nas saudades que vou ter daquelas miúdas e o quão bem elas se portaram na festinha de final de ano... O quão elas evoluiram! 1-2-3-4-5-6-7-8, repetidos até à exaustão, cada vez mais baixinho... Até que perderam a necessidade. O agradecimento dos pais, o sentir que mudaste alguma coisa, quase sem dar conta, que cumpriste o objectivo... "A X quando vem do Piruetas vem muito mais motivada, mesmo para os trabalhos do apoio de matemática."; "Ela desde pequenina que diz que quer ser médica, é tão bom ela ter estes reforços positivos". Pah, sou um coração mole, mas isto é bom de ouvir, com'ó raio!
(Um inevitável apontamento: um enorme obrigada à "menina Bábá" por ser a minha companheira de luta nesta experiência para lá de espectacular.)

Ah, e sim, fui fazendo o 5º ano de Medicina entretanto, e sim, correu tudo bem! Ainda que o Bloco Médico do 5º ano consista no conjunto de cadeiras mais desmotivantes de sempre... Ao menos, Cardiologia, Imunologia e Infecciologia foram dando o alento necessário! E, quanto ao Bloco Cirúrgico, obviamente, you got to love Cirurgia II!

O "pessoal original" (começo a achar que parecemos as minhas miúdas de 10-13 anos quando utilizamos esta expressão) teve dos anos mais turbulentos, mas manteve-se impecavelmente. Saímos p'ra c*ralh*, cantamos muito, bebemos a nossa conta e mais um bocadinho, rimo-nos muito de muitas parvoíces que fomos fazendo nas alturas mais estúpidas que consigam imaginar. Demos carinho a arbustos, trouxemos um bocadinho de Coimbra ao Porto, lavamos o cabelo com cerveja, sujamos as calças com tinta do carro de Fitados, falamos de política e de religião às 6h da manhã, ouvimos o Colesterol de Amor, o Já Lavei os Dentes, a Chaleira, o Blame it on the Boggie, sujamos a cozinha com sangria. Fizemos trinta por uma linha, não necessariamente pela ordem supracitada. Somos umas pitas nostálgicas quando ébrios, mas não seríamos os mesmos se assim não fosse.

E é isto, por mais merda emocional que me vá caíndo em cima, até ao momento, consegui vingar os meus objectivos. Estar ocupada acaba por ser uma espécie de defesa, porque simplesmente acabo por não ter tempos mortos, de sofá ou de televisão, por estar sempre a tratar de alguma coisa para alguma aula de dança, para algum ensaio, para alguma música, para alguma cadeira... E resultou bem, porque olho para este ano e só penso "p*ta que pariu, és um espectáculo miúda!" em vez de pensar no que se passou de mau, e isso é bestial, é tudo o que uma pessoa pode almejar.

Agora seguem-se umas férias bem merecidas e a partida para os 5 meses mais aguardados dos últimos tempos, Olomouc e a sua cerveja a preço de chuva esperam-me e não podia pedir melhor companhia.
A vida é uma cena boa, só não nos podemos esquecer disso.

(perdoem-me o tom coloquial e a ausência de recursos estilísticos, mas isto hoje era mesmo pr'ó desabafo!)