As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
Mariza - Chuva
Não sei como nem porquê, mas já marcaste a minha história.
Arranhaste o meu peito, desfolhaste a rosa branca e deixaste-me a rodopiar sozinha e nauseada no salão nobre dos recônditos de um coração que julguei ser o teu. Caí. O salão girava em torno dos espinhos do caule da rosa e a náusea aumentava, tornando-se insuportável, tentei ver além da luz e do brilho da falsa festa que é entregar-me a ti. Tentei ver-te, mas já não estavas lá.
Apaguei.
Acordei.
Já só restavam as carcaças imundas de uma saleta rasca, sem cor e sem adornos. Apenas a música, ah... a minha música! Estive sempre aqui. Pensei que tinha entrado na tua vida, mas foste tu que te esgueiraste sem pudor para o interior da minha, alojaste-te num local obscuro do meu coração que nem eu conheceria se não fosse o teu descaramento e encanto corriqueiro.
Já sei porquê. Já sei porque marcaste a minha história.