Monday, January 12, 2009

Sorri

Acordou com o barulho dos tão conhecidos passos da mãe no seu quarto, falaram brevemente porque o sono ainda lhe toldava o raciocínio, ouviu-se a porta chiar, bater e, por fim, o silêncio.
Voltou a adormecer.

Sentiu o telemóvel tremer. Adormeceu de novo.

O telefone de casa a tocar, a voz da empregada afirmava que a Sra. Dra. não estava, tinha ido para a escola...
"Ei, que horas são??" - não muito tarde...



Bocejou, olhou em redor: a luz do sol encolhia-se para passar pelas frinchas da persiana mal fechada, brilhando de exaustão quando penetrava finalmente naquele quarto desarrumado que ainda dava ares de aposentos de uma qualquer princesa sonhada durante a noite anterior. As lombadas dos livros da primeira prateleira da estante reluziam, berravam títulos, choravam e riam frases de amores impossíveis, mas consumados. Os peluches eram meros vultos, contrastando com a luz, impedindo também a sua entrada. Os colares e os brincos espalhados na cómoda reflectiam esta luz cansada, provocando brilhos de diferentes cores nas paredes alvas. A rapariga observava o espectáculo, a batalha entre a luz do sol e os vários batalhões do seu exército de objectos mais ou menos úteis.



Sentei-me na cama, rendi-me à luz e sorri.