Saturday, September 04, 2010

Should I stay or should I go (?)

Sentir respirar junto ao meu pescoço. É disso que sinto mais falta, é por causa disso que não adormeço. Devido à ausência de uma lufada de ar quente na minha nuca. A ritmo lento e quase constante, pontuado por alguns intervalos mais prolongados e por alguns movimentos de aconchego. O aconchego. O tão querido e simples aconchego. Um corpo contra o outro, sem qualquer intenção que não a proximidade, e o prazer e a segurança que dela resultam. Os braços dele enroscados em torno da cintura dela. A face anterior do joelho dele encostada à face posterior do joelho dela. Ela pega-lhe na mão e trá-la para junto do peito e assim adormecem, de mãos dadas, levados pela melodia dos batimentos cardíacos de ambos. A cada leve acordar ela beija-lhe a mão, ele beija-lhe o pescoço, e continuam o sonho, possivelmente, conjunto.

De costas voltadas e no escuro, nunca estiveram os amantes tão claramente de frente.

Thursday, September 02, 2010

Setembro

Vim dar um passeio para o sul do país
Deixei-te em Lisboa, mas não porque quis
Saber que te soa esta valsa que eu fiz
Há-de ser coisa boa, sou eu quem to diz
Mandei vir o saber de Paris

Escrevi-te uma carta de coisas de amar
Se não for entregue, não me vou desculpar
Porque o dom que consegue esta valsa a soar
Não és tu quem mo negue, não, nem quando eu voltar
Quando abrires os teus braços, nada disto já vai importar

E quando o sonho saciar vou fazer de tudo para acordar

Às vezes eu sinto uns fantasmas por perto
Ao entardecer e com o meu rulfo aberto
Faço para te prender esta valsa que é certo
Mais que para te vencer, é para ver se desperto

Lembras-me em todas as coisas de cá
E a cada passo eu me passo para lá
Mas então o que eu faço é valsar isto em fá
Para te ter num abraço que Vênus não dá
Quando o verão acabar e nós dois for só tudo o que há


B Fachada