Tuesday, June 26, 2012

Desequilíbrios

Toda e qualquer comunidade possui uma dinâmica específica e delicada, regindo-se por valores, e até por pequenos preconceitos, muito gerais, cuja presença nem sempre notamos ou valorizamos... Mas é certo que, de modo a manter a união e a estabilidade, a comunidade, o grupo, necessita de tais linhas orientadoras, pois sem elas surgem alguns problemas, enfim, alguns desequilíbrios.
A manutenção saudável das relações, a paciência, a resignação e, claro, talvez um pouco de censura em determinadas situações, são essenciais. Porque, no fundo, toda a gente sabe de tudo, todos comprendemos as dificuldades e fraquezas, todos podemos e devemos ser sinceros sem impedimentos de maior, porque todos somos amigos. No entanto, o drama não me parece necessário, na realidade só me parece prejudicial, e pensar antes de falar, conversar de cabeça fria, não faz de ninguém menos honesto, apenas mais sensato.
Talvez seja mais complicado falar sobre determinados assuntos em diferido e com calma, talvez sintamos vergonha, talvez gaguejemos e tenhamos uma imensa dificuldade em encontrar as palavras certas... Sim, decerto que a eloquência natural das adversidades torna mais fluente o discurso "a quente", o vómito de palavras inconsequentes. E é também certo que a maioria das vezes nos arrependemos de metade do que dizemos.
Resumindo, sinto que há uma comunidade em risco, um pequeno mundo em desequilíbrio, um pequeno mundo que eu muito estimo... O meu. Não por falta de amor, não por falta de respeito, apenas por diálogos e monólogos menos próprios, que, no fundo, nada resolvem, nada acrescentam. Peço-nos que nunca esqueçamos o quanto nos gostamos, porque ainda que não me afecte directamente, no sentido tradicional do termo, afecta-nos a todos. Nós somos melhores, maiores, do que qualquer obstáculo. Nós somos nós.


1 comment:

Ricardo said...

Eu concordo tanto com o que aqui escreveste. Ser sincero é de facto algo de pleno direito. E devemos zelar pela sinceridade ao máximo nas nossas relações. Mas não podemos de todo confundi-la com agressividade. Há que ser sinceros, honestos, sim, mas, como dizes, pensar antes de abrir a boca. Esse pensar pode até nem alterar o conteúdo do que dizemos, mas altera a forma como o dizemos e isso é fundamental. Para resumir, a sinceridade deve ser aliada à sensibilidade. Na minha opinião, são indissociáveis. Sensibilidade extrema, medo excessivo de magoar os outros, pode levar a que não sejamos devidamente sinceros. Mas sinceridade demasiado espontânea, sem a sensibilidade como sua aliada, leva a que sejamos abrasivos, a que feramos os sentimentos dos outros... E que necessidade há disso quando "os outros" são pessoas de quem gostamos?